O cinema e a internet
Na década de 80, do século passado se preconizou que o cinema iria
terminar em função da disseminação dos conteúdos de cinema em vídeo. De
fato houve uma diminuição das salas de cinema e sua adequação aos novos
tempos com mais salas dentro de um mesmo espaço, oferecendo uma
programação mais flexível. A multiplicação de locadoras de vídeo deu aos
espectadores controle sem igual sobre o que viam, anunciando a
interatividade.
Com a popularização da internet entre os meios de comunicação, muitas
barreiras foram quebradas em relação a variedade de conteúdo.
Atualmente todos podem se informar sobre um mesmo assunto valendo-se de
várias fontes e é possível qualquer usuário disponibilizar conteúdo,
seja em páginas pessoais ou em sites comerciais, apresentando um cenário
otimista dentro da industria cultural.
A invenção do computador trouxe a possibilidade de digitalização da
informação. Com a digitalização e a internet, temos possibilidade de
disseminar em escala infinita, informações e conteúdos, sejam eles
textuais, imagens, sons e também combiná-los formando assim a
multimídia. O rápido desenvolvimento da multimídia possibilita e
facilita a distribuição, disseminação e recepção dos conteúdos
cinematográficos e audiovisuais. Esse cenário favorece produtores e
realizadores de vídeo ou filmes para televisão e cinema, que podem hoje
contar com um espaço livre e em muitos casos gratuitos para divulgação e
disponibilização de suas obras.
Depois de um século de película, houve uma grande mudança tecnológica
e o advento da filmagem digital, onde diretores e cineastas obstinados
puderam produzir filmagens de longas com baixo orçamento. Essas
facilidades técnicas e financeiras, aliadas a proliferação de festivais,
como o Sundance, estimularam o se convencionou chamar de “cinema
independente” em todo o mundo, causando grande impacto num público, já
anestesiado pelos blockbusters da indústria tradicional americana.
A internet veio a facilitar ainda mais a integração do público com as
obras. A apenas um clique de distância, as pessoas podem conhecer novas
culturas e acessar conteúdos produzidos em qualquer país. Muito embora
as produções norte-americanas ainda predominem no mercado
cinematográfico e ocupem lugar de imponência, a internet cada vez mais
torna possível o contato do público ocidental com produções antes jamais
imaginadas. Como produções engajadas, realizadas em países orientais,
europeus e da oceania que sem tradição audiovisual vem destacando-se com
temas como ecologia, meio ambiente, responsabilidade social e críticas
a sociedade contemporânea, ganhando cada vez mais espectadores.
As novas tecnologias de televisões de alta definição, recursos de
interatividade e aparelhos DVD, diminuem a audiência dos cinemas em
todos os países globalizados. Alia-se a esta realidade o crescimento dos
acessos a internet e suas possibilidades de disponibilização de
conteúdos fílmicos.
Estamos vivendo a transição da supremacia da televisão e a
reconfiguração à nova mídia da Web. A convergência de mídias já está
entre nós há anos e nos possibilita a captura filmes da web, seu
armazenamento em PCs e sua exibição, através de cabos, em TVs. Hoje tecnologias sem fio também podem fazer a ligação destes mundos.
Existem algumas questões que estão sendo gestadas, como em relação a
necessidade de adaptação e até mesmo transformação com relação as
linguagens criadas e desenvolvidas especialmente para produções
direcionadas para internet, como por exemplo a linguagem da
interatividade.
As tecnologias digitais avançadas e cada vez mais difundidas
contribuem para o processo de massificação e pulverização da criação
audiovisual. Os custos para aquisição de tecnologia digital estão cada
vez mais acessíveis a todas as camadas da população. Os suportes como a
internet e o celular, ferramentas cada vez mais fáceis e disponíveis
ao público, popularizam e ampliam o espectro de audiência.
Os novos tempos poderão mudar a forma de assistirmos a um filme,
tanto do ponto de vista de quem faz, quanto de quem assiste. O vídeo
já oferecia uma certa autonomia nas condições de recepção e visualização
de uma obra com as possibilidades de avançar, retroceder, pausar.
Controle este que o cinema não proporciona em seu local original. Nos
tempos atuais, pela internet ampliou-se muito mais as possibilidades de
operações possíveis, tais como, editar, apagar, sobrepor, distorcer,
fundir. Os programas estão a disposição do usuário. O cinema na internet
possibilita a interatividade.
Mais do que isso, hoje em dia, todos podem fazer seus filmes, seja
com utilização de câmeras digitais, que tem seu custo a partir de
quinhentos dólares americanos, ou utilizando câmeras em celulares
amplamente disseminadas, bem como ilhas de edição domésticas obtendo
excelente qualidade. Todos podem concretizar suas idéias, desde que
estejam bem dimensionadas. Mesmo que falte estética e técnicas
aprimoradas. A igualdade de oportunidades é mais real que nunca. E o
celular, mais ainda que a internet permite a visualização praticamente
em tempo integral.
O fato é que há ainda uma carência conteúdos com roteiros criados e
pensados a partir e para esta mídia ( internet) especificamente, onde a
qualidade de texto, pertinência de idéias, soluções criativas,
possibilite desdobramentos tanto na linguagem quanto interatividade, e,
justifiquem maiores investimentos de empresas, governos e profissionais
independentes.
Fonte: Revistapontocom
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